sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Catedral centenária


A Catedral de Santa Maria completou 100 anos, desde que foi consagrada como Igreja Matriz, em 1909.
Após a demolição da antiga, pequena e ruinosa igreja, em dezembro de 1888, a Capela do Divino passou a servir de Matriz e, alguns anos depois, surgiu um movimento para a construção de uma nova igreja condizente com o progresso da cidade. A iniciativa foi prejudicada em consequência da Revolução Federalista de 1893 e de conflitos envolvendo o pároco e lideranças republicanas.
Após assumir a paróquia, o padre palotino Caetano Pagliuca retomou a ideia formando, em 1902, uma comissão que levou á frente construção da nova Matriz. Foram membros atuantes Gustave Vauthier, Pedro Weinmann, Antonio Alves Ramos e outros.
O projeto de Arquitetura foi contratado com o alemão Johann Grünewald, formado em Colônia, Alemanha, com o título de Dombaumeister, “mestre construtor de catedrais”. Conhecido como “Mestre João”, ele havia construído obras importantes no Estado. Depois de construídas as fundações, o projeto foi modificado por Francisco Dupras, um desenhista da Estrada de Ferro, sendo que os zimbórios das torres foram projetados e dirigidos pelo Eng. Oscar Ewald.
Em sete anos, a construção do grande templo foi concluída, graças à continuada contribuição do povo católico da cidade. A sagração foi celebrada, em 5.12.1909, pelo bispo do Rio Grande do Sul, D. Cláudio Ponce de Leão, que celebrou a missa pontifical, no dia 8 seguinte, dia da Padroeira Imaculada Conceição, exatamente sete anos após o lançamento da pedra fundamental. Havia 21 anos que a pequena Capela do Divino, à direita, na foto de 1910, servia de Igreja Matriz.

No ano seguinte à sagração, foi criada a Diocese de Santa Maria, em 1910, e a igreja foi elevada à condição de Catedral.

A Catedral sofreu uma acentuada reforma, em 1939, executada pelo prático João Lapitz, que alterou sua linguagem original.
O interior da Catedral (foto de Fernando Top) foi valiosamente enriquecido, em 1954, com as pinturas murais de Aldo Locatelli e pintura decorativa de Emílio Sessa, ambos naturais de Bergamo, Itália.
A cidade deve se orgulhar de sua igreja centenária, um dos mais valiosos bens de seu patrimônio edificado.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Jacob Ludwig Laydner

No dia dos 180 anos do nascimento de meu bisavô materno, Jacob Ludwig Laydner, volto a escrever sobre ele (ver postagem de 11.11.2008), representado ao lado em desenho de Antonio Isaia, em 2000. Mais conhecido em Santa Maria como Luiz Laydner, ele foi um dos 31 fundadores do Clube Atiradores Santamariense, em 28.9.1887. Durante 40 anos, clube teve sua sede na chácara de Karl Müller, na Rua Barão do Triunfo, no início em área cedida, depois adquirida.
O tiro esportivo teve início no Brasil com os imigrantes alemães, que criaram sociedades de atiradores em muitas cidades.
Em 1892, Jacob Ludwig Laydner era presidente do Clube Atiradores Santamariense, quando houve a tradicional festa anual “Tiro do Rei” (das Königschieβen), o evento mais importante dos clubes de atiradores alemães. Na tarde de domingo, em 24 de abril de 1892, os sócios uniformizados, com suas armas e insígnias, reuniram-se no salão Paust e então, precedidos da banda de música “Lyra Santa Mariense”, dirigiram-se à casa do presidente, Jacob Luiz Laydner, onde, depois das continências de estilo, receberam o estandarte da sociedade.
Dirigiram-se depois ao estande de tiro, onde se realizou a competição, cujo vencedor, Pedro Brenner (meu bisavô paterno), foi proclamado “Rei”. Ao anoitecer, precedido da banda de música, houve desfile pela cidade, estourando foguetes e com representações da Sociedade Nova Aurora e do Clube Caixeiral, que se apresentaram com seus estandartes.
O cortejo dispersou-se à frente da casa do presidente Laydner, e à noite realizou-se o “Baile do Rei”, no salão Paust, oferecido pelo “Rei” Pedro Brenner.

Em 4 de outubro de 1898, o Clube Atiradores Santamariense concedeu ao seu fundador e antigo presidente, Jacob Luiz Laydner, a medalha com a inscrição Dem Verdienste zu Ehren (foto), feita de prata, que corresponde a “Honra ao Mérito”. No mês seguinte, ele completaria 69 anos de idade.

domingo, 25 de outubro de 2009

Francisco Pedro Brenner

O dia 25 de outubro lembra o nascimento de Francisco Pedro Brenner, no ano de 1868. Ele era filho de Peter Brenner e Maria Dorothea Schirmer Brenner, em cuja propriedade nasceu. Havia 11 anos que Peter deixara Campo Bom, com a esposa e duas filhas, e se estabelecera em Santa Maria com curtume e residência, em extensa área junto ao Vacacaí-Mirim, hoje Bairro Quilômetro Três.
Francisco Pedro Brenner aprendeu o ofício de alfaiate, que exerceu por longos anos, e depois se tornou comerciante. Sua alfaiataria estave instalada na Rua do Comércio nº 59, em local hoje ocupado pelo edifício nº 1051 da Rua Doutor Bozano. Sob sua direção trabalhavam outros alfaiates seus empregados para atender a uma grande clientela. Usava nos trajes etiquetas personalizadas com o nome do cliente, número de série do produto e a data da confecção.
“Tio Chico”, como era chamado por seus numerosos sobrinhos e sobrinhos-netos, exerceu destacada atividade social. Foi presidente do Deutscher Hilfsverein, a Sociedade Beneficente Alemã, origem da importante Sociedade Concórdia Caça e Pesca. Teve intensa e prolongada atuação no Clube Atiradores Santamariense, exercendo diversos cargos, especialmente a presidência, tornando-se sócio benemérito. Foi também dirigente da Sociedade Lyra Popular, que mantinha uma apreciada e atuante banda musical, nas primeiras décadas do século passado.
Em 4.5.1892, casou com Maria Luiza Kümmel, chamada “Dona Vivisa”, com destaque na vida social da cidade, eleita presidente da sociedade feminina Nova Aurora, em 1919. Tiveram cinco filhos: Flodoardo, Maria Luíza Sirena, Maria da Glória, Elma e Clodoaldo.
Após o falecimento de “D. Vivisa”, em 18.09.1933, "Tio Chico" casou com Haydée Weber, 30 anos mais jovem, com quem não teve filhos.
Francisco Pedro Brenner faleceu com avançada idade, em 30.8.1962, faltando menos de dois meses para completar 94 anos.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Mathias José da Costa


Imigrante açoriano, nascido na Ilha de São Miguel, possivelmente em 1753, Mathias era filho de José Vieira e Quitéria da Costa, naturais da mesma ilha.
São Miguel é a maior ilha do arquipélago dos Açores, com cerca de 65 km de comprimento por 15 a 8 km de largura. Ao sul, cerca de 80 km, fica a pequena Ilha de Santa Maria, que, por coincidência, seria o nome da terra adotiva de Mathias, no Brasil.
Em 1797, ele já vivia no Acampamento de Santa Maria, onde casou com Maria Cabral, sua primeira esposa, nascida em Bom Jesus do Triunfo. A primeira filha, Florisbela, foi batizada, em 17 de fevereiro de 1798, pelo padre Euzébio de Magalhães Rangel e Silva, capelão da 2ª Subdivisão Demarcadora de Limites. Foi o primeiro batismo celebrado na Capela do Acampamento de Santa Maria, que se instalara no local alguns meses antes, dando início à povoação. O acampamento e sua rústica capela, onde fora montado o altar portátil que acompanhava a expedição, atraíram moradores dos arredores e de lugares distantes.
Mathias José da Costa foi um dos primeiros povoadores de Santa Maria, tendo chegado ao Acampamento da 2ª Subdivisão, nos primeiros meses após sua instalação, em 1797. O casal teve pelo menos mais duas filhas, Josefa Maria e Francisca.
Por volta de 1805, Mathias casou, em segundas núpcias, com Anna Josefa Pompeo de Toledo, natural de Cachoeira, filha de Felisberto Pompeo de Toledo.
Em 1821 ou 22, quando o velho açoriano já tinha 68 anos, nasceu possivelmente seu penúltimo filho, Mathias José da Costa Pompeu, avô de minha sogra, Aura da Rosa Leonardo. Então, minha esposa, Antonieta Leonardo Brenner, é trineta do açoriano Mathias José da Costa, um dos moradores mais antigos da povoação, considerado um dos fundadores de Santa Maria.
O açoriano Mathias José da Costa faleceu com 80 anos de idade, em 10.8.1833, e foi sepultado no cemitério da Estância do Durasnal de São João, a cerca de 14 km a oeste do centro da povoação, em terras de seu sogro, o sesmeiro Felisberto Pompeo de Toledo. Ainda hoje, a localidade ali existente chama-se Durasnal.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

O casamento de Peter Brenner


Friedrich Karl Brenner, o genearca de minha família, imigrou com quatro filhos e teve mais dois, após se estabelecer em Campo Bom: Johann, nascido em 1830, e Peter, em 15.11.1831.
Peter Brenner (foto) era um menino de 12 anos quando perdeu o pai e logo aprendeu a trabalhar como curtidor. Era um jovem de 20 anos quando se sentiu em condições de casar. A noiva, Maria Dorothea Schirmer, era uma adolescente de 17 anos, nascida em Campo Bom, em 3.7.1835, filha do imigrante Philipp Jakob Schirmer.
O casamento foi celebrado pelo Pastor Dr. Otto Heinrich Theodor Recke, em 31 de julho de 1852, há 157 anos. Na colônia Campo Bom viviam então cerca de 500 pessoas e ainda havia, desde 1928, a pequena igreja de madeira – o primeiro templo evangélico da Província –, além da nova igreja de alvenaria, consagrada no ano anterior. Mas, conforme registrou o Pastor, o casamento foi realizado na casa de Peter Brenner, que poderia ser a que herdara de seu pai, já que suas irmãs haviam casado e sua mãe morava com o genro Johann Bastian, na vila de São Leopoldo.
Serviram de testemunhas o colono e sapateiro Christian Spindler, que se tornou subdelegado de polícia, anos depois; o colono Karl Ludwig Habigzang, cunhado de Peter; e Heinrich Jakob Schirmer, irmão mais velho da noiva.
Peter e Maria Dorothea viveram mais cinco anos em Campo Bom, onde nasceram suas duas primeiras filhas Auguste Wilhelmine e Maria Catharina.
Em 1857, eles acompanharam o numeroso grupo familiar, liderado pelo sogro Philipp Jakob Schirmer, em mudança para Santa Maria, onde nasceram mais 11 filhos do casal.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Peter Weckert




O dia 19 de julho de 2009 assinala os 250 anos do nascimento de Peter Weckert, ancestral de todos os Laydner no Brasil.
Weckert foi notável cidadão da pequena Büdesheim que hoje é parte de Bingen junto ao Reno, no Rheinhessen. Ele era vitivinicultor e foi, durante o domínio francês na região, o Maire (prefeito) da localidade (1801-05) e Kirchenmeister, Mestre da “Fábrica da Igreja” (1803-10). Exerceu importante liderança, na retomada das atividades e nas reconstruções, após a libertação.
Peter Weckert teve 14 filhos, entre os quais Maria Theresia, que casou com Peter Josef Leidner, e Catharina Franziska, que casou com Johann Peter Leidner, irmão do anterior.
Dos sete filhos desse casal, três emigraram para o Brasil com o pai viúvo, em 1848. O Dr. Hillebrand escreveu "Leidner" quando registrou a chegada da família a São Leopoldo, mas na terra de origem já fora adotada a grafia "Laydner" usada pela descendência, no Brasil: Johann Carl, que se notabilizou como vitivinicultor, em Santa Maria; e Jakob Ludwig, meu bisavô materno, mestre ourives na mesma cidade.
Assim, toda a descendência Laydner, a partir de Santa Maria, tem como ancestral comum Peter Weckert, meu tetravô.
As fotos mostram a casa de Weckert e a antiga Rathaus, onde ele exerceu seu governo, em Büdesheim, ainda existente e peça importante do patrimônio edificado local.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Kümmel de Lindenau


Lindenau, destacado em amarelo, era um vilarejo do distrito de Danziger-Niederung. Ficava a 50 km ao sudeste de Danzig, hoje Gdansk, na extensa planície na margem esquerda do Rio Vístula.


A localização da aldeia natal do genearca da família Kümmel resultou de uma interessante investigação. Johann Daniel Gottlieb Kümmel chegou à Colônia Alemã de São Leopoldo, na segunda leva de imigrantes, composta de quatro solteiros, em agosto de 1824. Em seu casamento, um ano depois, ele foi citado como "de Lindenau junto a Danzig". Nos batismos de seus filhos, a citação refere-se a "Danziger-Niederung", que era uma região administrativa próxima de Danzig, na província do Reino da Prússia chamada Prússia Ocidental.
A região pertencia à Prússia desde a primeira partilha da Polônia, em 1772. Após Congresso de Viena, houve a reorganização territorial do Reino da Prússia e foi fundado, em 1818, o distrito Danziger-Niederung, que abrangia áreas rurais na planície a leste do Rio Vístula, onde estava Lindenau. Então, quando Kümmel emigrou, em 1824, sua localidade natal pertencia ao citado distrito.
Pelo Tratado de Versalhes, após a 1ª Grande Guerra, a região voltou à Polônia e foi extinto o distrito Danziger-Niederung. A cidade de Danzig foi reconstituída como cidade-livre, com seu primitivo nome de Gdansk, assim como todos os demais topônimos, que receberam nomes poloneses.
Essa é uma frequente dificuldade para localizar a origem de imigrantes da antiga Prússia Ocidental, na atual Polônia. A descoberta de um mapa da área, onde os topônimos têm as denominações polonesas e alemãs trouxe, em parte, a solução, mas Lindenau era uma localidade rural muito pequena e não consta no mapa. Entretanto, um relato de Bruno Flindt, no “Danzig Forum Gdansk”, descreveu a localização: Lindenau ficava 10 km ao sul de Tiegenhof e 8 km a leste de Neuteich. Lindenau tem hoje o nem polonês de Lipinka, um vilarejo de 930 habitantes, a 8,5 km a leste de Nowy Staw ou Neuteich, nome alemão na época prussiana.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

180 anos da imigração dos Brenner


Friedrich Karl Brenner, o genearca da minha família, na linha paterna, nasceu em 23 de junho de 1784, na cidade de Birkenfeld, na região de Hunsrück, distante 6 km da margem esquerda do Rio Nahe, afluente do Reno. Ele era músico e tecelão de linho, em Birkenfeld, onde casou, em 24.2.1810, com Maria Dorothea Margaretha Kunz. Ela nascera 6 km ao sul, em 14 de agosto de 1788, em Hof Werdenstein, junto a Hoppstädten.
Ocupada pelas tropas francesas, desde 1792, a região pertencia à França, por tratado, desde 1795, e o registro de casamento foi escrito em francês: Acte de Mariage. A primeira filha do casal que conhecemos, Philippine, nasceu em 1814, ainda sob domínio da França. Os outros filhos, Juliana, Karl e Carolina, nasceram após a libertação, entre 1819 e 1826, quando a cidade era sede do Principado de Birkenfeld, pertencente ao Grão-Ducado de Oldenburg.
No final de 1828, Friedrich Karl Brenner decidiu emigrar para o Brasil, tendo providenciado a documentação já em outubro daquele ano.



Há exatos 180 anos, Friedrich Karl Brenner, sua esposa e quatro filhos chegaram à Colônia Alemã de São Leopoldo. Hillebrand registrou a chegada, em 19 de junho de 1829, quando o vilarejo de São Leopoldo, que começara a se formar havia quatro anos, tinha poucas casas.
O registro não cita os veleiros transoceânico e costeiro que transportaram a família. Cita, porém, que eram de religião evangélica e que sua pátria era Oldenburg. Mas esse Grão-Ducado, ao qual Birkenfeld pertencia, ficava a 500 km ao norte. Eram, então, súditos de Oldenburg, mas naturais de Birkenfeld. Cumpridor das leis brasileiras, Hillebrand escreveu os nomes em português, mas os filhos foram batizados como Theresia Elisabeth Philippine, Juliana, Karl e Carolina Christiana. Na data da chegada, essa última tinha 3 anos e não 5, e a esposa tinha 40 anos e não 36.
A figura acima é um recorte do registro, no qual Hillebrand acrescentou outras anotações, datando a morte de Friedrich Karl, em 22 de agosto de 1843, em Campo Bom, linha colonial onde a família se estabeleceu. Anotou também que a inditosa Juliana morreu com apenas 10 anos de idade, em 19.9.1829, menos de três meses após a chegada, e que o primeiro filho brasileiro, Johann, nasceu em 10.11.1830.
Um ano após, nasceu Peter Brenner, em 15.11.1831, na colônia de Campo Bom. Depois de casado, ele mudou-se, em 1857, com a esposa e duas filhas para Santa Maria, onde viveu por mais 68 anos, conhecido por Pedro Brenner, gerando extensa descendência: uma das duas linhagens dos “Brenner de Santa Maria”.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Ildefonso Brenner casou com Lydia Laydner


Meus avós maternos, Ildefonso Brenner, nascido em 13.6.1862, e Lydia Laydner, nascida em 10.10.1874, ambos santa-marienses, casaram-se numa quarta-feira, em 7 de maio de 1902.
Ildefonso era o primogênito, entre 11 filhos, do alfaiate e comerciante Franz Karl (Carlos) Brenner, natural de Ellweiler/Hunsrück, e de Christiana Hoffmeister, nascida em Santa Maria. Quando tinha 20 anos, ele foi estudar na famosa Europäischen Moden-Akademie, em Dresden, na Alemanha, onde ficou cerca de quatro anos, adquirindo cultura e aprimorando seu conhecimento do idioma alemão. Ele falava fluentemente o Hochdeutsch e citava Goethe de memória.
De volta a Santa Maria, tornou-se comerciante, estabelecido no sobrado da família, na esquina da Rua do Comércio com Serafim Vallandro. Foi presidente do Clube Caixeiral, em 1901, presidente da Praça de Comércio, em 1914, e dessa mesma entidade, em 1924, então chamada Associação Comercial. Em 1901, Ildefonso Brenner foi membro fundador e 1º secretário da Associação Protetora do Hospital de Caridade.
Ele foi diretor do semanário O Combatente, jornal do Clube Caixeiral, que, além das notícias sociais, pregava idéias abolicionistas e republicanas. Exerceu atividade política e foi eleito, em 1891, quando tinha 29 anos, para o primeiro Conselho Municipal do período republicano. Continuou na política, mais tarde na oposição a Borges de Medeiros, e foi candidato ao Conselho Municipal, na chapa federalista, em 1916, quando nenhum oposicionista foi eleito, como ocorria. Era na época do chamado “voto de cabresto”, aberto e sob intimidação.
Ildefonso Brenner devia apreciar a vida de solteiro, pois casou somente quando faltava um mês para completar 40 anos.
Lydia Laydner, a noiva, era 12 anos mais jovem e, quando casou, tinha 27 anos. Ela era a última filha, entre oito irmãos e irmãs, do ourives Jacob Ludwig Laydner, natural de Simmern/Hunsrück, e de Maria Luiza Niederauer, nascida na colônia de Dois Irmãos.
Lydia teve atividade social muito intensa e atuava em serviços comunitários. Foi, durante 16 anos, entre 1901 e 1917, presidente da sociedade feminina Nova Aurora, fundada em 1890. Em 1917, ela foi eleita presidente de outra associação feminina, a Sociedade Chrysantemos. Nesse mesmo ano, Lydia colaborou com o Dr. Becker Pinto, na campanha de vacinação contra a varíola, aplicando vacinas.
O casamento, há exatos 107 anos, teve o ato civil realizado às 20 horas, na casa do pai da noiva, viúvo havia uma década, na Rua do Comércio (hoje Dr. Bozano, 1065). O casal ali morou até o fim de suas vidas e teve somente uma filha, Maria Luíza Brenner, minha mãe, nascida em 10.4.1903.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Christiana Hoffmeister Brenner




O dia de hoje marca os 165 anos do nascimento de Christiana Hoffmeister, minha bisavó materna. Ela nasceu em 21 de abril de 1844, em Santa Maria, filha dos alemães Matheus Hofmeister e Elisabeth Maria Dauber(t). Ambos haviam imigrado com suas famílias: Matheus com 15 anos, em 1826, e Elisabeth com 8 anos, em 1827.
Em 1836, Matheus Hofmeister veio trabalhar na ferraria de Johann Baptist Maldeseder, na rua Pacífica, na atual Segunda Quadra da Rua Doutor Bozano, lado norte, à direita do atual nº 1.100, onde há um prédio comercial. Comprou a ferraria, em 1839, voltou a S. Leopoldo para casar e se fixou em Santa Maria. Eram luteranos, mas seus 12 filhos, nascidos em Santa Maria, foram batizados na religião católica, porque aqui não havia sua igreja.
Mesmo após a fundação da Comunidade Evangélica Alemã, em 8.4.1866, Christiana manteve-se católica. Ela casara, em 10 de setembro de 1861, com o luterano Franz Karl (Carlos) Brenner, alfaiate, natural de Ellweiler/Hunsrück. O casamento foi celebrado na primitiva e singela igreja católica de Santa Maria, de frente para um terreiro destinado à praça, demolida sete anos depois. O noivo era luterano e foi membro fundador, em 1866, da Comunidade Evangélica Alemã (Deutsche Evangelische Gemeinde). A história oral familiar conta que, aos domingos, o casal saía de sua casa na Rua do Comércio, atual Doutor Bozano, e separavam-se: Christiana ia à missa, na Capela do Divino, e Carlos ia ao culto na igreja alemã.
Carlos Brenner faleceu com 73 anos, em 18 de outubro de 1904, e sua viúva, Christiana Hoffmeister Brenner, faleceu no dia seguinte, com 60 anos. Ela não sobreviveu sequer 19 horas após a morte de Carlos.

domingo, 5 de abril de 2009

Recuperando a história


Neste domingo, a Comunidade Evangélica de Confissão Luterana de Santa Maria inaugurou duas placas de bronze no interior da igreja, que é o mais antigo templo de Santa Maria em atividade, construído há 136 anos.
Uma delas soleniza a fundação da Comunidade, em 8 de abril de 1866, como Deutsche Evangelische Gemeinde, por alemães e descendentes, na maioria de religião luterana, que, na metade do século 19, detinham em Santa Maria quase a totalidade do comércio e da produção.
A outra placa comemora a construção do templo, inaugurado em 14 de dezembro de 1873, uma casa de oração, sem torre nem sinos, por imposição das leis do Império às religiões não católicas.
Elas substituem uma placa de 1973, alusiva ao centenário do templo, que continha graves equívocos, entre eles a inclusão de um inexistente Philipp Ilmann no lugar de Philipp Schirmer, importante personagem da sociedade santa-mariense.

A pesquisa e o projeto das placas foram desenvolvidos por José Antonio Brenner. Os nomes dos pastores e dirigentes foram obtidos em documentos do Arquivo Histórico do Estado, em Porto Alegre, já que todo o conjunto documental da Comunidade foi destruído nos ataques sofridos durante a Segunda Guerra.
Esses dois fatos da história da Comunidade e da cidade estão agora recuperados, eternizando no bronze os nomes daqueles valorosos pioneiros que, representando a etnia germânica de religião luterana na região, organizaram-se comunitariamente e construíram sua igreja. E, anos depois, foram além, ergueram a torre e instalaram os sinos que, devido ao incidente que causaram, tornaram-se símbolos nacionais da luta pela liberdade de culto e da livre expressão da fé.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Ennio Brenner

Hoje lembramos os 102 anos do nascimento de meu pai, Ennio Brenner. Ele nasceu em Santa Maria, em 18.3.1907, filho de Pedro Balduíno Brenner e Júlia Weber Brenner.
Ennio era bancário, tendo iniciado, em 1926, no Banco Pelotense, onde trabalhou até 1931, quando o Banco faliu. Passou a trabalhar no Banco do Estado do RGS, em Santa Maria, e assumiu a gerência da filial de Santa Cruz, em 1940. Exonerou-se, em 1944 e voltou para Santa Maria, trabalhando com seguros e numa empresa de rizicultura. Em 1948, o Sulbanco abriu agência em Santa Maria, e a diretoria convidou Ennio para gerente. Nesse cargo ele teve atuação destacada na região, dando especial atenção aos pequenos empresários e profissionais. Muitos deveram a ele o apoio do crédito financeiro e orientação para o impulso inicial de suas atividades.
Ennio Brenner teve intensa atividade social e esportiva no Avenida Tênis Clube, onde se associou, em 1926, e logo se tornou membro da diretoria e se revelou um excelente tenista. No ano seguinte, já era vice-campeão e, em 1933, sagrou-se campeão do clube, posição que deteve até 1940, quando mudou-se para Santa Cruz.
Em 1930, Ennio casou com Maria Luíza Brenner, que conheceu no Avenida Tênis Clube. Apesar de terem o mesmo sobrenome, não eram parentes; pertenciam às duas famílias Brenner de Santa Maria.
Além do tênis, era um entusiasta da caça e da pesca, sendo um excelente atirador.
Enio Brenner faleceu em 20.9.1974, com 67 anos de idade. Deixou em seus filhos, seus amigos e em todos que bem o conheceram a lembrança de um homem inteligente, amável, espirituoso, amigo leal e profissional competente.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

A chegada dos Schirmer




Foi em 14 de fevereiro de 1827 que a família Schirmer chegou à Colônia Alemã de São Leopoldo, portanto há 182 anos. Originária da pequena Waldlaubersheim/Hunsrück, era composta do casal Georg Schirmer e Katharina Elisabetha Heinz com os filhos Philipp Jakob, 16 anos, Kasper, 15, Jakob, 13, e Jakob Adam, 5 anos. Estabeleceram-se no lote colonial 207, em Campo Bom.
O filho mais velho, Philipp Jakob Schirmer, casou em 17.10.1829, com Maria Katharina Böbion, cujo primeiro marido morrera cinco meses antes. A jovem viúva emigrara de Niederlinxweiler/Sarre, com o pai, o marido e uma irmã solteira.
Em 1857, 27 anos após o casamento, Philipp Jakob Schirmer e a esposa mudaram-se para Santa Maria, com seus filhos, genros, nora e netos. Formavam um grupo de 18 pessoas: Heinrich Jacob Schirmer, 25 anos, casado com Maria Katharina Hirt, e seus três filhos; Maria Katharina Schirmer, 23, casada com Friedrich Jakobus, e seus dois filhos; Maria Dorothea Schirmer, 20 anos, casada com Peter Brenner, e suas duas filhas; Peter Friedrich, com 16 anos; Karoline, 14 anos; Philipp, 12. o filho mais novo, Friedrich, ficou em Campo Bom, possivelmente com o avô Georg Schirmer. Ali casou com Carolina Eltz, em 1866, estabelecendo-se em Santa Cristina do Pinhal.
Philipp Jakob Schirmer adquirira, em novembro de 1856, uma extensa área, com cerca de 260 hectares, junto ao Rio Vacacaí-Mirim, onde se estabeleceu com a moradia da família e instalou seu curtume. Uma pequena parte dessa área forma hoje o sub-bairro conhecido como “Vila Schirmer”.
Em 8.4.1866, ele foi fundador e membro da primeira diretoria da Comunidade Evangélica Alemã de Santa Maria e, no mesmo ano, em 20 de outubro, foi membro da diretoria de fundadores do Deutscher Hilfsverein (Sociedade Beneficente Alemã).
Philipp Jakob Schirmer faleceu com 70 anos, em 19 de abril de 1880, em Santa Maria, tendo gerado uma extensa e importante descendência. Durante 24 anos ele viveu na cidade, firmando raízes na terra que adotou, onde suas atividades geraram frutos nos setores comunitário, associativo, assistencial e social, que se estendem até hoje.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Imigrantes Niederauer – 183 anos

A família Niederauer chegou à Colônia Alemã de São Leopoldo, no dia 15 de janeiro de 1826. Haviam deixado sua terra natal, no Rheinhessen, cinco meses antes.
Era um grupo familiar de sete pessoas, que viajaram do Rio de Janeiro a Porto Alegre no pequeno veleiro Carolina, onde sofreram maus tratos, o que causou a morte do idoso chefe da família, Johannes Niederauer (69 anos), dois meses e meio após a chegada.

O mais velho dos filhos era Philipp Leonhard Niederauer (foto), que imigrou com a esposa Anna Catharina Diehl e uma enteada. Faziam parte do grupo seus irmãos Johannes Friedrich e Friedrich, e um sobrinho também chamado Friedrich.
Philipp Leonhard foi pioneiro na Colônia Alemã de Três Forquihas, perto de Torres, em setembro de 1826, onde nasceu seu primogênito Johannes, que se tornaria o famoso Cel. João Niederauer Sobrinho. Lá também nasceu Elisabetha e, em 1830, a família voltou para as proximidades de São Leopoldo, onde nasceram Maria Luíza e Johanna Sophia.
Em 1840, estabeleceram-se na pequena vila de Santa Maria da Boca do Monte, que adotaram como sua terra definitiva. O primogênito, então um adolescente de 13 anos, ficara em Porto Alegre, trabalhando no comércio. Somente quatro anos depois ele juntou-se à família, em Santa Maria, onde iniciou-se muito jovem na carreira militar, tornando-se o maior herói local, após ter tombado na Guerra do Paraguai, em 13.12.1868, com apenas 41 anos de idade.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Balduíno Brenner


Pedro Balduíno Brenner nasceu em Santa Maria, em 6 de janeiro de 1871, há 138 anos. Era o nono filho do casal Peter Brenner e Maria Dorothea Schirmer, naturais de Campo Bom.
Conhecido como Balduíno Brenner, ele era guarda-livros, profissão hoje chamada de contabilista, e foi, durante muitos anos, diretor financeiro da Cia. Santamariense de Luz Elétrica. Casou, em Santa Maria, em 12.10.1893, com Júlia Weber, nascida em Santa Maria, em 25.4.1874.
Sócio e atuante diretor do Clube de Atiradores Santamariense, sagrou-se várias vezes vencedor da tradicional competição de “Tiro ao Rei”.
Vivia em sua casa, na Rua Coronel Niederauer nº 621, em um grande terreno de 1,5 hectare, limitado pela citada rua e pelas atuais ruas Appel e Olavo Bilac.
Balduíno Brenner faleceu, em 7.7.1940, com 69 anos de idade, na cabine do trem, quando voltava de Porto Alegre, onde fora em busca de recursos médicos para a grave cardiopatia de que sofria.
Deixou seis filhos: Egydio, Eustáquio, Edith, Ernani, Ennio (meu pai) e Eunice.