domingo, 24 de abril de 2011

Grupo Atirador Pedro Brenner

O tiro esportivo foi introduzido no Brasil pelos imigrantes alemães. As sociedades de atiradores (die Schützenvereine) têm origem em uma tradição muito antiga, nas corporações germânicas medievais que defendiam os castelos e as vilas. Foram muito importantes nas áreas de colonização alemã no sul do Brasil, a partir da segunda metade do século 19, quando alemães e descendentes se organizaram em sociedades com diversas atividades: tiro, ginástica, canto, bolão.
Em Santa Maria, dois clubes tiveram origem em sociedades de tiro: O Deutscher Schützenverein, que foi refundado, em 1920, como Clube Atirador Esportivo, e o Clube de Atiradores Santamariense, fundado em 28.9.1887, por 31 atiradores, tendo por sede o estande de tiro instalado na chácara do alemão Karl Müller, seu primeiro presidente.
Pedro Brenner aos 60 e poucos anos.
Um dos fundadores foi Pedro Brenner, meu bisavô paterno, que desenvolveu intensa atividade e influência no clube. Desde jovem ele praticava o esporte, tendo vencido, aos 19 anos, uma competição de tiro, em Campo Bom, onde nascera, em 15.11.1831, e fora batizado com o nome de Peter Brenner.
Era chamado Pedro Brenner, em Santa Maria, para onde se mudou em 1857, com esposa e duas filhas, e onde viveu durante 68 anos, tendo falecido com 93 anos de idade, em 8.4.1925.
Três anos após o seu falecimento, 15 sócios do Clube Atiradores Santamariense fundaram o “Grupo Atirador Pedro Brenner” assim denominado em memória ao “grande entusiasta do esporte da caça e do tiro ao alvo”, conforme notícia em jornal da época. O grupo era dirigido por Alfredo Blankenheim, presidente, Walter Grau, secretário, e Frederico Eggers, fiscal geral.
Manchete e início da notícia do Diario
do Interior
, em 22.5.1928, terça-feira.
A fundação ocorreu supostamente nos primeiros dias de maio de 1928, vinculado ao Clube Atiradores Santamariense. Em 8 de maio, em sessão da diretoria desse clube, foi lido o ofício que comunicava a fundação e solicitava o uso das armas do Santamariense e também que fosse pedido o estande de tiro do Clube Atirador Esportivo, “até que nosso estande esteja em condições de ser utilizado”.
No domingo de 20 de maio, realizou-se o primeiro campeonato do “Grupo Atirador Pedro Brenner”, no estande de tiro do Clube Atirador Esportivo. Tomaram parte 12 atiradores, sendo vencedor Frederico Eggers.


terça-feira, 19 de abril de 2011

Cemitério Evangélico de Itaara

Johann Jacob Albrecht
A inscrição em seu túmulo
é a segunda mais antiga hoje visível.

Os cemitérios evangélicos tiveram início no período de associativismo teuto, a partir de 1850. Em Santa Maria, os primeiros alemães luteranos e seus descendentes foram sepultados no Cemitério da Capela e depois no Cemitério Santa Cruz que, como quase em toda parte, eram controlados pela Igreja Católica. Havia resistência em reconhecer os casamentos e batismos, assim como aceitar os sepultamentos de protestantes nesses cemitérios. Em 1860, antes de fundarem sua comunidade evangélica alemã, em Santa Maria, os alemães luteranos obtiveram do governo provincial uma área para instalação do seu cemitério, hoje incluída no Cemitério Municipal.
A pequena colônia alemã do Pinhal, que gerou Itaara,teve início em abril e maio de 1857, portanto há 157 anos, quando 11 famílias se estabeleceram em terras compradas por Miguel Kroeff, Johann Jacob Albrecht e Jacob Adamy aos quais era ligada a maior parte dos demais colonos pioneiros: Gehm, Zimmermann, Ilges, Streccius, Bopp, Schreiner.
Túmulo de Martin Zimmermann
Não sabemos quando foi instalado o cemitério evangélico do Pinhal, que hoje fica na Avenida Guilherme Kurtz, em frente à Igreja Evangélica, em Itaara. A inscrição de data mais antiga de falecimento, hoje visível, é de 10 de maio de 1873, referente ao falecimento de Maria Eva Albrecht geboren Müller. Ela era casada com um dos líderes pioneiros, Johann Jacob Albrecht, cuja data de falecimento, 2.10.1885, é a segunda mais antiga que hoje podemos ver nas inscrições.
A lápide do pioneiro Peter Daniel Gehm
foi encontrada em 2005, por Augusto
Cezar Gehm, em um canto de cemitério.
Certamente houve sepultamentos anteriores porque a Colônia Alemã do Pinhal fora estabelecida 16 anos antes. Sabemos que outro líder da colônia, Jacob Adamy, falecido em 15.9.1876, foi ali sepultado, mas sua lápide foi retirada. E certamente há mais antigos como, por exemplo, o  da menina Henriqueta Ludovica Zimmermann, filha do pioneiro Martin Zimmermann, falecida em 8.8.1867, no Pinhal. E de Miguel Gehm, falecido em 3.3.1871, filho do pioneiro Peter Daniel Gehm.
Na sepultura de Martin Zimmermann (foto), cujo casamento foi o primeiro daquela colônia, em 25.5.1857, há a inscrição:
Hier ruht in Gott Martin Zimmermann, geb. 9. November 1831 gest. 11. März 1915. Auf wiedersehn! Ou seja, – Aqui descansa em Deus, Martin Zimmermann, nascido em 9 de novembro de 1831, falecido em 11 de março de 1915. Adeus!
A Colônia Alemã do Pinhal, berço de Itaara, e seu cemitério evangélico, com seus valiosos registros epigráficos, não constam na bibliografia sobre a imigração alemã, no Rio Grande do Sul.