terça-feira, 12 de junho de 2012

Ildefonso Brenner – 150 anos


    Meu avô materno nasceu em 13 de junho de 1862, há exatamente 150 anos, primogênito do imigrante alemão Franz Karl Brenner (Carlos, no Brasil) e da santa-mariense Christiana Hofmeister, filha do alemão Mathias Hofmeister.
Tendo nascido no Dia de Santo Antonio, seus pais quiseram chamá-lo de Ildefonso Antonio, como se lê na anotação que o pai Carlos escreveu na folha de rosto de sua Bíblia luterana:
Ildefons Antonio Brenner geboren den 13 Junio 1862: anotação na Bíblia que Franz
Karl Brenner recebera no ato de sua Confirmação, em Ellweiler/Alemanha.

A data é confirmada no assento de batismo feito pelo Padre Antonio Gomes Coelho do Valle, que não registrou o duplo prenome, em 24 de setembro do mesmo ano. Filho de pai luterano e de mãe católica, Ildefonso foi batizado católico, até mesmo porque a Comunidade Evangélica Alemã ainda não fora fundada. Por essa mesma razão, sua mãe, filha de imigrantes luteranos, se vinculara ao catolicismo.
A boa situação financeira de Carlos Brenner, obtida por seu trabalho, permitiu-lhe investir na educação dos filhos. Assim como as famílias luso-brasileiras abastadas, nas províncias, mandavam os filhos estudar no Rio de Janeiro, na “Corte”, Carlos Brenner enviou seu primogênito, o jovem Ildefonso, para completar sua educação na Alemanha. Lá ele permaneceu, durante cerca de quatro anos estudando na famosa Europäischen Moden-Akademie, Academia Européia de Moda, em Dresden. Os alunos aprendiam contabilidade, aritmética, letras, estilística, idiomas etc. e principalmente método de corte e feitio. Passavam por um treinamento técnico e científico para poder assumir mais tarde a liderança de um negócio maior. 


O nome da firma na fachada do sobrado da família, na esquina das atuais
ruas Doutor Bozano e Serafim Vallandro, em foto de 1908.
A estada na antiga pátria de seu pai possibilitou a Ildefonso aprimorar sua cultura e o conhecimento do idioma alemão: ele falava fluentemente o Hochdeutsch e citava Goethe de memória. Era considerado o homem culto da família. Deve ter sido, também, um período muito prazeroso, cujas lembranças o acompanharam por toda a vida. Lembro-me de tê-lo visto, várias vezes, na avançada idade de seus oitenta e poucos anos – eu então um menino de oito a dez anos –, certamente rememorando sua juventude em Dresden, ao benfazejo sol de inverno, que adentrava profundamente a sala, onde hoje é a loja nº 1061 da Rua Doutor Bozano, em sua cadeira de balanço, enquanto entoava baixinho Ein Prosit der Gemütlichkeit, e outras canções alemãs.
Ildefonso Brenner aos 48 anos
Porém Ildefonso nunca exerceu a profissão de seu pai. De volta da Alemanha, possivelmente no final de 1886, ele assumiu a casa comercial e tornou-se forte comerciante, inicialmente como Brenner & Irmão e depois Ildefonso Brenner & Cia., em 1902.
Em 5.2.1888, com 25 anos, foi eleito presidente do Clube Caixeiral Santamariense de cuja fundação não participara, dois anos antes, porque ainda não retornara ao Brasil.
Em 29.9.1887, Ildefonso foi um dos 31 fundadores do Clube Atiradores Santamariense.
Monograma de Ildefonso em medalhão-
estojo produzido por seu sogro,
o ourives Jacob Ludwig Laydner.
Na atividade política, Ildefonso Brenner, com 29 anos, foi eleito, em 6.11.1891, para o primeiro Conselho Municipal do período republicano, que teve duração efêmera, em decorrência do golpe praticado por Deodoro da Fonseca, quando dissolveu o Congresso Nacional. Por não reconhecerem o "governicho", a junta nomeada para governar o Estado, o intendente e todos os membros do Conselho Municipal renunciaram.
Em 1901, participou da primeira diretoria da Associação Protetora do Hospital de Caridade.
Na atividade classista, foi presidente, em 1914, da Praça do Comércio de Santa Maria e, em 1924, quando a entidade denominava-se Associação Comercial de Santa Maria.
Ildefonso tinha quase 40 anos, quando casou, em 7.5.1902, com Lydia Laydner, 12 anos mais jovem, filha do ourives alemão Jacob Ludwig Laydner.
Depois de longa e proveitosa existência, Ildefonso Brenner faleceu, em 10.4.1951, faltando dois meses para completar 89 anos.

sábado, 2 de junho de 2012


Vila Militar Coronel Niederauer
João Niederauer Sobrinho nasceu na Colônia Alemã de Três Forquilhas, hoje Itati, em 4.4.1827, filho de imigrantes alemães. Realizou sua formação escolar no colégio do Prof. Jacob Frey, em São Leopoldo.
Quando adolescente, em 1844, radicou-se em Santa Maria, onde sua família já se estabelecera. Aos 23 anos, ingressou na Guarda Nacional, no posto de alferes, e atuou em várias missões militares: Guerra contra Rosas e Oribe (1851), Divisão Imperial Auxiliadora, no Uruguai (1854), Exército de Observação (1857-58), Campanha do Uruguai (1864) e Guerra do Paraguai (1865). Era Coronel Comandante da 3ª Brigada da 2ª Divisão de Cavalaria e Comandante Superior da Guarda Nacional em Santa Maria. 
Em Santa Maria, atuou com liderança, na vida social e política, tendo exercido interinamente a presidência da Câmara Municipal, por largos períodos, entre 1861 e 1864. Nesse último ano, foi o vereador mais votado, o que lhe garantiria a presidência da Câmara e o poder executivo do município, mandato que não assumiu por ter partido para a guerra da qual não voltou.
O Cel. João Niederauer Sobrinho foi mortalmente ferido, após a Batalha do Avaí, quando percorria o campo da luta, em socorro aos feridos. Faleceu no hospital de campanha em Villeta, Paraguai, em 13 de dezembro de 1868.

A Vila Militar Coronel Niederauer é cercada pelas avenidas Liberdade,
Presidente Vargas e Borges de Medeiros, e pela Rua Ignacio Costa.

Placa denominativa afixada
em marco obeliscal, no
centro da Vila Militar.
No centenário de sua morte, em 1968, o Exército prestou-lhe significativa homenagem. Por iniciativa do General Edson Figueiredo, Comandante da 3ª Divisão de Infantaria, a vila militar de Santa Maria, com área de cerca de 8,5 hectares, existente desde o final da década de 1950, foi denominada Vila Militar Coronel Niederauer.
Essa denominação permaneceu durante quatro décadas de uso interno do Exército, gravada em placa, no canteiro central da Av. Brasil, no interior da vila, mas ignorada pelo público, pois nem mesmo constava na inscrição do pórtico de entrada.
Movida por sua sensibilidade e interesse pelos fatos e personagens de nossa história, a Vereadora Sandra Rebelato ingressou com o Projeto de Lei 7679/2011 para alterar o art. 16 da Lei Complementar 42/2006, acrescentando a denominação “Coronel Niederauer” à Vila Militar. Após a aprovação pela Câmara de Vereadores, a lei foi sancionada pelo Prefeito Cezar Augusto Schirmer, em 5 de janeiro de 2012.
     Para tornar pública a denominação, agora oficializada pela governo municipal, o pórtico de entrada daquele sub-bairro ostenta a inscrição: VILA MILITAR CORONEL NIEDERAUER”.
Pórtico de entrada, na Av. Borges de Medeiros.
Fica assim mais uma vez honrada a memória do maior herói militar da história santa-mariense, quando transcorrem os 185 anos de seu nascimento.