segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Cemitério Municipal – Patrimônio a ser conhecido e preservado


   As notícias sobre a recente intervenção no jazigo de Pedro Maximiano Nagel, como parte do projeto Informação lapidar, despertaram a atenção para a importância de nosso principal "campo santo" santa-mariense.

   O banco de dados resultante certamente será de grande valor para a pesquisa sobre a história das famílias e seus personagens, e da Arquitetura e da estatuária funerária da cidade. As ações do projeto se concentram na área do outrora cemitério da Comunidade Evangélica Alemã, integrado no Cemitério Municipal, que contém alguns dos mais antigos sepultamentos de Santa Maria.
   Esse importante projeto tem a coordenação da professora Fernanda Kieling Pedrazzi, do Curso de Arquivologia/UFSM.
João Alberto Licht Teixeira no trabalho de limpeza da imagem. fotos Diário de S. Maria/Jean Pimentel

   História
  O Cemitério Municipal de Santa Maria tem raízes no cemitério da antiga Comunidade Evangélica Alemã. Seis anos antes de sua fundação, alemães e descendentes que professavam a religião luterana obtiveram, em 1860, um terreno de aproximadamente dois mil metros quadrados para instalar o Cemitério Evangélico.
  Naquele ano, Pedro Cassel, em nome dos alemães luteranos locais, perguntou à Câmara de Vereadores, conforme os termos do registro em ata, se estavam “devolutos uns terrenos, que pretendiam o Suplicante e outros Sectários de uma Religião diversa da do Estado, para a fundação de um Cemitério privativo deles.” A Câmara julgou que “o lugar indicado pelo Suplicante” não era apropriado “por estorvar o aumento da povoação...” e indicou a coxilha onde hoje está o cemitério. O Presidente da Província concedeu então o terreno no local indicado, um quadrado de 44 metros de lado. A estrada à frente da área é a atual via central do Cemitério Municipal.
   Havia cerca de 10 anos que os sepultamentos não eram mais feitos no Cemitério da Capela, junto ao primitivo templo católico, de frente para o espaço destinado à praça central. O cemitério da cidade passara a ser o denominado “Santa Cruz”, próximo à atual Igreja do Rosário.
   No ano seguinte, em 2.10.1861, a Câmara resolveu construir “o cemitério extramuros desta Vila”, isto é, em lugar afastado do centro urbano, solicitando auxílio financeiro ao Governo Provincial. Por coerência, o local escolhido foi junto e ao sul da área destinada ao cemitério evangélico. Entretanto, decorreram muitos anos para o novo cemitério público ficar pronto, em 1879.
Os dois cemitérios permaneceram lado a lado, cercados por seus muros por longos anos. Com o passar do tempo, o cemitério público envolveu o evangélico, estendendo-se para a frente, até a esquina onde hoje está sua entrada principal. O antigo cemitério evangélico alemão de Santa Maria foi desapropriado pela Prefeitura Municipal, durante a Segunda Guerra, sem ressarcimento à Comunidade a que pertencia.

    Patrimônio cultural
    Cemitérios não são apenas locais para sepultamentos.  Em diversas regiões turísticas do mundo, fazem parte do roteiro histórico de visitação. Um exemplo destacado é o cemitério Père-Lachaise, o maior de Paris e um dos mais famosos do mundo, onde estão sepultadas celebridades de diversas épocas históricas.
   Nesses locais são identificados elementos que demonstram a história social e artística da região, através da estatuária, das obras arquitetônicas, das inscrições lapidares e dos símbolos encontrados nos túmulos, valorizando a preservação desse imenso patrimônio público, que ficaram conhecidos como “museus ao céu aberto”.

   O Cemitério Municipal de Santa Maria é um dos mais importantes do interior. É um “museu a céu aberto” local, onde visitantes de quaisquer procedências podem conhecer os túmulos de personalidades ali sepultadas e a arte tumular local dos séculos XIX e XX.
   Os cemitérios contêm valiosas informações, como fonte histórica para preservação da memória familiar e coletiva; para o estudo da genealogia e para o conhecimento da formação étnica. São formas de expressão artística, de preservação do patrimônio histórico e de manifestação de fé religiosa. Interessam às áreas da Arquitetura, História, Arquivologia, Antropologia, Genealogia e do Turismo.       Essas informações são obtidas através da análise de epitáfios, mesmo as mais singelas inscrições – que são documentos epigráficos –, de fotos tumulares, das simbologias contidas nas obras funerárias e da expressão artística dos monumentos e mausoléus.
   No final do século XIX e início do século XX, o cemitério de Santa Maria, considerando o público e o evangélico, foi enriquecido com muitas obras de arte funerária de alta qualidade. A execução dos jazigos, com belas esculturas e lápides em mármore, foi muitas vezes, confiada a marmorarias que empregavam o trabalho de artistas e artesãos de reconhecido talento.
Anúncio publicado em Kalender für die Deutschen in Brasilien, 1931.

   No período citado, a mais importante foi a marmoraria de Jacob Aloys Friederichs, no Caminho Novo (Rua Voluntários da Pátria), em Porto Alegre. Nascido em 1868, em Merl sobre o Rio Mosel, Aloys viera para o Brasil, em 1868, e aprendera o ofício com seu irmão Miguel, que fora ornamentista da Catedral de Colônia, na Alemanha. Entre o final do século XIX e início do XX, Aloys introduziu grande desenvolvimento à sua oficina com a melhor maquinaria da época e talentosos artistas, ampliando a produção no campo da estatuária e da ornamentação na arquitetura sacra, profana e funerária, para a Capital e interior do Estado.  A demanda por seu trabalho, em Santa Maria, foi de tal forma intensa que ele abriu uma filial na cidade, anunciando no jornal O Estado, em fevereiro de 1902, sua“oficina de mármores e cantaria, na Rua do Comércio nº 72”, na atual terceira quadra da Rua Doutor Bozano.

   Preservação
    A Prefeitura Municipal de Santa Maria efetuou, em 2006, o recadastramento das sepulturas existentes no Cemitério Público Municipal.
  Considerando que tal prescrição municipal não tenha se efetivado para muitos jazigos de famílias santa-marienses que não têm descendentes residentes na cidade, surge a preocupação quanto ao destino dos jazigos. Há personagens da história de Santa Maria, cujo valor foi reconhecido em homenagem materializada em suas sepulturas.
   Um caso emblemático é o Dr. Victor Teltz, médico alemão que viveu em Santa Maria, no início do século passado, conquistando um grande número de amigos e admiradores, por sua qualidade profissional, sua atitude como médico humanitário e por sua conduta no meio social local. Sem parentes no Brasil, sua sepultura foi erigida por subscrição pública, materializando no mármore a gratidão dos santa-marienses. Foi uma realização comunitária, pertence à cidade.
Jazigo do Dr. Victor Teltz
foto J. A. Brenner

   A não identificação ou ausência de um responsável não poderá justificar a remoção dos objetos de arte funerária e dos documentos epigráficos, e tal conceito deve estender-se também às sepulturas recadastradas. As inscrições devem permanecer disponíveis ao conhecimento dos pósteros; os ornamentos, a estatuária, a cantaria precisam ser preservadas à apreciação dos visitantes e estudiosos.

   Informação lapidar
   Durante o desenvolvimento de sua tese de doutorado, a professora Fernanda Kieling Pedrazzi, do Curso de Arquivologia da UFSM, idealizou a formação de um grupo que realizasse o levantamento de dados nos cemitérios. Após ter comentado tal intenção em sala de aula, foi procurada por João Alberto Licht Teixeira, aluno do curso, que manifestou seu interesse em apresentar uma proposta, pois já desenvolvia o seu Projeto Retalhos (http://familiateixeira.com/retalhos.php). Ele apresentou então um esboço de projeto visando ao levantamento dos dados no Cemitério Municipal que foi redimensionado, restringindo-se à área do antigo cemitério evangélico alemão.
Jazigo Nagel após limpeza.
foto Fernanda Kieling Pedrazzi

   Com a inclusão de um pequeno grupo de alunos interessados, o projeto foi rediscutido com  a participação de todos, tornando-se uma verdadeira construção coletiva.
   Sob a coordenação da Prof.ª Fernanda Kieling Pedrazzi, o projeto denominado Informação lapidar foi posto em prática, em uma primeira fase, com fotos e indicações das coordenadas de cada túmulo, além da catalogaçao das informações para compor um banco de dados. Atualmente, o trabalho está em fase final da indexação das inscrições das lápides.

   Jazigo de Pedro Maximiano Nagel
   A intervenção nesse secular túmulo foi uma iniciativa de Alex Scherer Porporatti, aluno de Arquitetura/Unifra. A proposta foi aceita pelo grupo como uma contribuição à paisagem urbana de nosso “campo santo”, já que o túmulo, um dos mais belos do antigo cemitério evangélico alemão, encontrava-se em estado de abandono.
   Possivelmente descendente do genearca Peter Nagel, chegado a São Leopoldo em 1825, Pedro Maximiano Nagel nasceu em 3.10.1854. Em Santa Maria, casou com Malvina Weinmann, filha do imigrante Franz Weinmam, chegado a São Leopoldo, em 6.11.1825, com 6 anos de idade, em companhia dos pais e irmãos. Pedro Maximiano faleceu com 52 anos de idade, em Santa Maria, em 23.8.1906. Possivelmente nos anos seguintes, a família mandou erigir o jazigo, pela marmoraria Casa Aloys, como revela a pequena placa afixada no lado direito da base.
   A denominação já existia desde 1891, quando Jacob Aloys Friederichs comprou a marmoraria de seu irmão Miguel. A Casa Aloys produzia basicamente cantaria e escultura de imagens e ornamentos de mármore, onde trabalharam os escultores espanhóis José Martinez Lopes e André Arjonas.
Malvina Weinmann Nagel (1865-1950) e Pedro Maximiano Nagel (1854-1906)
   Não sabemos em que ano, após 1906, foi construído o jazigo Nagel, com mármore de Carrara, nem o mestre da Casa Aloys que o executou.
   Este poderá ser mais um importante item para a pesquisa: a autoria da estatuária e ornamentos de nosso Cemitério Municipal.
_____________________________
Fontes:
BRENNER, José Antonio. Cemitério Municipal- Patrimônio a ser preservado,  A Razão, Santa Maria, quinta-feira, 2.11.2006, p.7.
DOBERSTEIN, Arnoldo Walter. Estatuários, catolicismo e gauchismo. Porto Alegre EDIPUCRS, 2002

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Maria Dorothea Schirmer Brenner

   O dia de hoje marca os 180 anos do nascimento de Maria Dorothea Schirmer, Brenner por casamento.
   Ela nasceu em Campo Bom, em 3 de agosto de 1835, filha do imigrante Philipp Jakob Schirmer, que chegara à Colônia Alemã de São Leopoldo, em 17 de fevereiro de 1827. Com 16 anos de idade, ele imigrara na companhia de seus pais Georg Schirmer e Katharina Elisabetha Heinz, e de seus irmãos mais novos Kasper, Jakob e Jakob Adam.
   A família Schirmer recebeu sua terra em Campo Bom, linha colonial de recente estabelecimento (1825). Era, possivelmente, o lote colonial de número 207. Philipp Jakob Schirmer, o filho mais velho, casou em 17.10.1829, com a jovem viúva Maria Katharina Böbion, 22 anos, natural de Niederlinxweiler/Sarre.
   Maria Dorothea foi a terceira dos nove filhos do casal. Na colônia de Campo Bom ela conheceu o jovem curtidor Peter Brenner também ali nascido, em 15.11.1831, dois anos após a imigração de seus pais. Casaram em 31 de julho de 1852.


Registro do casamento de Peter e Maria Dorothea, no livro da Comunidade Evangélica de Campo Bom, na antiga escrita cursiva alemã.
Transcrição:
1852
Juli – am 31ten Juli im Hause der Laborirer Peter Brenner, ehelicher Sohn des in Campo Bom verstorbenen Col.onist und Musicus Friedrich Karl Brenner und der Frau Margaretha, geboren Kunz,  geboren hinselbst, alt 22 Jahre, – copulirt mit Dorothea Schirmer von Campo Bom, ehel.iche Tochter des Col.onist u. Gerber Philipp Schirmer und der Frau Maria Katharina, geb.oren Böbian, alt 17 Jahre. Trauzeugen: Col.onist und Schuhmacher  Christian Spindler, der Labor.irer Karl Ludwig Habigzang und der Laborirer Jakob Schirmer.

Ou seja:
1952
Julho – em 31 de julho, na casa do operário Peter Brenner, filho legítimo do colono e músico Friedrich Karl Brenner, falecido em Campo Bom, e da esposa Margaretha, nascida Kunz, ali nascido, 22 anos de idade, – casou com Dorothea Schirmer, de Campo Bom, filha legítima do colono e curtidor Philipp Schirmer e da esposa Maria Katharina, nascida Böbian, 17 anos de idade. Testemunhas: Colono e calçadista Christian Spindler, o operário Karl Ludwig Habigzang e o operário Jakob Schirmer.

   A expressão Laborirer tem origem na palavra francesa laborier, conseqüente do domínio francês nos territórios germânicos a oeste do Reno, por 20 anos (1794-1814). Vários colonos eram citados como Laborirer, nos registros, significando trabalhador diarista, operário. Um autor traduziu como “laboratorista químico” como se os colonos daqueles primeiros tempos da colonização alemã pudessem ter essa formação.
————————————

    Santa Maria
   Em 1856, Philipp Jakob Schirmer comprou uma grande área de terras – cerca de 260 hectares – em Santa Maria a leste da povoação, junto ao Rio Vacacaí-Mirim. Uma parte dessa área é hoje o sub-bairro denominado Vila Schirmer.
   No ano seguinte, a família mudou-se para a vila santa-mariense, então com pouco menos de 3.000 habitantes. Era um numeroso grupo familiar sob a liderança do patriarca Philipp Jakob, sua esposa, filhos, filhas, noras, genros e netos. Entre eles estavam Peter Brenner e Maria Dorothea com suas duas primeiras filhas.
Maria Dorothea e Peter Brenner. Recorte de uma foto do casal cercado por seus filhos, filhas, noras e genros, supostamente em 1895. É a única imagem conhecida de Maria Dorothea, que teria então 59-60 anos, enquanto Peter Brenner teria 63-64 anos.

   O casal teve 11 filhos. As duas primeiras crianças eram meninas e nasceram em Campo Bom. Quando a família mudou-se para Santa Maria, a primogênita tinha quatro anos, e a segunda filha um ano de idade:
Auguste Wilhelmine, n. 17.12.1853 em Campo Bom. Casou com Carlos Cassel. Em Santa Maria era chamada Guilhermina.
Maria Catharina, n.15.4.1856 em Campo Bom. Casou com Johann Holzschuh.

   Os demais nasceram em Santa Maria:
Pedro (Pedro Brenner Filho), n. 10.7.1858. Casou com Catharina Adamy.
Amália Henriqueta, n. 10.6.1860. Casou com Peter Falkenberg.
João Carlos, n. 27.5.1862. Casou com Bertha Elisabeth Grosskopf.
Luiz, n. 16.8.1864 –  f. com 15 anos, em 27.3.1880.
Felippe, n. 31.8.1866. Casou com Guilhermina Kümmel.
Francisco Pedro, n. 25.10.1868. Casou com Maria Luiza Druck Kümmel.
Pedro Balduino, n. 6.1.1871. Casou com Julia Carolina Bohrer  Weber (meus avós).
Frederico Guilherme, n. 18.1.1873. Casou com Maslvina Grosskopf
Henrique Albino, n. 9.3.1875. Casou com Julita Ottilia Goelzer.
Georg Leopold, n. 25.5.1877. Faleceu com 2 anos de idade, em 26.5.1879
Gertrudes, n. 7.2.1878 e faleceu criança.

   Maria Dorothea Schirmer Brenner viveu em sua casa, às margens do Vacacaí-Mirim até seu falecimento, em 3 de julho de 1901; faltavam 40 dias para ela completar 67 anos de idade. Foi sepultada no cemitério da Comunidade Evangélica Alemã de Santa Maria, da qual Peter Brenner fora um dos fundadores, em 1866.
Antiga casa de Peter Brenner, no estado em que se encontrava, quando a fotografei, em 1991. Fora construída na área de 54,6 hectares, junto ao Rio Vacacaí-Mirim, no atual Bairro Quilômetro Três. Quando a propriedade foi vendida à Compagnie Auxiliaire de Chemin de Fer au Brésil, em 1912, havia, além da casa, galpões, cercados, mangueiras, parreiral, árvores frutíferas, campo e mato. Em 1984, foi transmitida à Rede Ferroviária Federal S.A. Na época da foto, a casa e o grande terreno ao redor pertenciam a um antigo ferroviário que obtivera licença para ali residir e, mais tarde, adquiriu a casa e o terreno por usucapião.
__________________________
Fontes:
Arquivo pessoal.
BRENNER, José Antonio. Os primórdios da Comunidade Evangélica alemã de Santa Maria, Revista do Inst. Histórico e Geográfico de Santa Maria, nº 6, 1999.
Livro de Casamentos da Comunidade Evangélica de Campio Bom.

terça-feira, 9 de junho de 2015

Aloyzio Achutti – Cidadão de Porto Alegre

 
   Nesta sexta-feira, dia 12 de junho, o santa-mariense Aloyzio Cechella Achutti receberá o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre, outorgado pela Câmara de Vereadores da capital.
   A outorga será realizada às 19 horas, em Sessão Solene, no Plenário Otávio Rocha daquele órgão legislativo.

   Aloyzio Achutti nasceu em Santa Maria, em 1º de julho de 1934), filho de Bortolo Achutti e Luiza Cechella Achutti.
   
   Resumo do currículo
   Formou-se Médico pela Faculdade de Medicina na UFRGS (1953-1958), com Pós-Graduação em Genética Humana, na mesma universidade.
   Cardiologista da primeira equipe de Cirurgia Cardiovascular, o Dr. Aloyzio Achutti participou de quase todas as primeiras mil cirurgias realizadas. Em 1963, criou o Serviço de Cardiologia do Hospital da Criança Santo Antônio, onde trabalhou até 1973.
Dr. Aloyzio Cechella Achutti
   Criou o Ambulatório de Cardiologia Pediátrica, uma rede de ambulatórios de Cardiologia Preventiva, o Programa de Prevenção da Febre Reumática, de Prevenção da Doença Hipertensiva e do Tabagismo, que foram integrados no Serviço de Controle de Doenças Crônico-Degenerativas.
   Recebeu, com sua equipe, o Primeiro Prêmio Nacional de Saúde Pública promovido pela Associação Médica Brasileira, por coordenar a pesquisa Epidemiológica e de Educação em Saúde sobre tabagismo em escolares de Porto Alegre e do Estado.
   Membro do Conselho de Prevenção da Febre Reumática da Federação Mundial de Cardiologia (1982-1990). Presidente desse Conselho e membro da Comissão Científica da mesma Federação de 1990 a 2002.
   Agraciado, em 2002, com o Prêmio Mundial de Cardiologia, no Congresso Mundial de Cardiologia realizado em Sidney/Austrália, por seus serviços prestados à Prevenção de Doenças Cardiovasculares e à Sociedade durante 30 anos.
   Em 2004, recebeu o Prêmio Mário Rigatto/Amrigs, como personalidade atuante no controle do tabagismo.
   O Dr. Aloyzio Achutti criou a Disciplina de Cardiologia na Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, da qual foi professor Titular. Criador e Diretor do Serviço de Cardiologia do Hospital Universitário. Foi chefe do Departamento de Medicina Interna.  Em 1987, encerrou o trabalho na  PUC/RS para reassumir atividades na UFRGS.
   Dirigente, em vários cargos, da Associação Médica do Rio Grande do Sul, foi Presidente do IV Congresso da entidade.
   Eleito para a Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina, foi seu vice-presidente, durante dois anos, e presidente durante outros dois anos.
   Apresentou, em atividades científicas e congressos, cerca de 300 conferências e publicou, aproximadamente, 150 de artigos e capítulos de livros.
   Em 1997, foi coordenador do Primeiro Seminário Nacional sobre Epidemiologia e Prevenção das Doenças Cardiovasculares , realizado em Gramado durante dez dias, com patrocínio da UFRGS, da SSMARS, do CNPq, do MS, da SBC e da WHF, com professores nacionais e estrangeiros.
   É membro da Comissão de Orientação Médica do Hospital Moinhos de Vento.

Aloyzio Achutti com suas irmãs Lia Maria (E) e Maria Helena
   Família
   Aloyzio Cechella Achutti é irmão das professoras Lia Maria Cechella Achutti e Maria Helena Cechella Achutti – queridas amigas.

Dra. Valderez Robinson Achutti
   É casado com Valderez Antonietta Robinson Achutti, também médica cardiologista. Casaram quando ainda eram estudantes de Medicina, em 13 de junho de 1957.
   O homenageado solicitou que a data da sessão solene fosse marcada para o próximo dia 12 de junho, véspera do 58º aniversário de seu casamento, porque " a magnitude deste dia será dividida com sua esposa, a médica que foi eresponsável por essa história e companheira nessa trajetória."
    O casal tem os filhos Luiz Eduardo, fotógrafo e antropólogo, professor na UFRGS, Ana Lúcia, médica psiquiatra e Lucia Helena formada em comunicação e ciências jurídicas e sociai.
_______________________________________

   Durante vários anos, Aloyzio e eu fomos colegas no Colégio Marista Santa Maria, onde nos formamos no Curso Científico, na turma de 1952.
   Várias décadas depois, a pesquisa genealógica revelou que temos um laço de parentesco: Ambos somos tetranetos de Johann Friedrich Böbion, um imigrante alemão que se fixou na colônia alemã “Picada 48”, nos arredores da atual cidade de Ivoti, em 1829, “terra abençoada por Deus com rica fertilidade, onde tudo sempre enverdece e floresce”, conforme ele próprio escreveu.
   É com grande satisfação e justo orgulho que comemoro a merecida homenagem da Câmara Municipal de Porto Alegre ao santa-mariense Aloyzio Cechella Achutti, meu primo e meu amigo.

   É uma honra para Santa Maria ver um filho seu receber, na capital do Estado, o reconhecimento de sua brilhante carreira, sua atividade profissional e científica, seus feitos e fatos em favor da coletividade.

quarta-feira, 6 de maio de 2015

O primeiro automóvel em Santa Maria

   Em 27 de março último, o amigo Marco Aurélio Biermann Pinto visitou-me, trazendo um precioso presente: o livro 50 Anos de Viagem - Trabalhos, Peripécias e Alegrias, 1972, de Francisco da Rocha Timm, conhecido como "Chicotim".
   Em 272 páginas, o autor narra diversos episódios vividos durante cinco décadas de sua atividade como caixeiro-viajante.
    Na leitura, minha atenção foi logo voltada para o caso do primeiro automóvel em Santa Maria. "Chicotim" narra, com riqueza de detalhes, o inusitado acontecimento de um veículo automotor rodar pelas ruas da cidade, em 1908.
Francisco da Rocha Timm, o "Chicotim",
nasceu em São Pedro, em 24.7.1893 .
 
   O automóvel pertencia ao comerciante Justino Couto, que tinha sua residência e comércio em um prédio na esquina sudoeste da Rua Floriano Peixoto com a Avenida Ypiranga, atual Avenida Presidente Vargas. O ramo de sua casa comercial era o chamado "armazém de secos e molhados", isto é, varejo de gêneros alimentícios sólidos e líquidos.
   Justino Couto teve os filhos Dalton e Dalva.
   Dalton Couto, nascido em 25.12.1914, foi secretário geral da Câmara de Vereadores. Eleito suplente de vereador, assumiu o mandato (1960-63). Foi diretor da Rádio Medianeira (1960-65) e redator-chefe do gabinete do reitor da UFSM (1969-84). Ator amadaor, Dalton foi muito atuante na Escola de Teatro Leopoldo Fróes.
 
Justino Couto - Recorte de uma foto da família.
 Dalva Couto, nascida em 24.2.1919, casou com Werner Grau. O casal teve o filho Eros Roberto Grau, nascido em Santa Maria, em 19.8.1940. Ele formou-se em Direito em 1963 (Univ. Mackenzie) e teve brilhante carreira como jurista, professor e autor de livros publicados no Brasil, Itália e Espanha. Doutor Honoris Causa por universidades do Brasil, Argentina e França. Ministro do Supremo Tribunal Federal (2004-2010).
   Em memória de Justino Couto, foi denominada, em 1958, uma rua de Santa Maria, antes chamada Rua Dr. Osvaldo Cruz, transversal da Av. Presidente Vargas, quando ainda se chamava Av. Ypiranga.
   Sorte grande
   Em 1908, Justino Couto jogou na loteria e ganhou o primerio prêmio, a "sorte grande". Naquela época, nenhum banco tinha filial em Santa Maria. As primeiras casas bancárias na cidade, instaladas em prédios alugados, na Primeira Quadra da Rua do Comércio, foram inauguradas em março de 1910: o Banco Nacional do Comércio, no dia 22, e o Banco da Província, no dia 28.
   Por essa razão, ele precisou tomar o trem e viajar a Porto Alegre, para receber o seu prêmio.
   O carro Fiat
   Na capital, Justino Couto se encantou com um automóvel Fiat, em exposição numa loja, e, tendo recebido um bom dinheiro, decidiu comprá-lo. O carro foi transportado por trem até Santa Maria, onde, segundo supôs "Chicotim", foi deslocado por tração animal da estação ferroviária até a casa do proprietário, num percurso de quase dois quilômetros. Passando pelo centro da cidade, despertou grande curiosidade e expectativa para quando o automóvel fizesse o primeiro passeio pelas ruas, movido por seu motor de 30 HP e dirigido por seu proprietário.
O carro de Justino Couto poderia ser semelhante e este modelo Fiat fabricado de 1908 a 1910.
   Os preparativos para tal façanha, na casa de Justino, foram vistos por um menino, que passou a divulgar pela cidade o que estava por acontecer.
   Era um grande acontecimento na pequena Santa Maria, então com cerca de 10 mil habitantes. Mesmo em Porto Alegre os automóveis haviam começado a circular apenas no ano anterior.
   Assim, numa tranquila manhã santa-mariense, Justino Couto saiu de sua casa dirigindo o seu Fiat pela Rua Ypiranga, hoje Pinheiro Machado, entrando na Rua do Acampamento em direção ao centro.
   Após percorrer a Rua do Acampamento, Justino entrou na Primeira Quadra da Rua do Comércio, hoje calçadão da Rua Dr. Bozano, e seguiu descendo a rua.
   Ao longo desse percurso, o veículo, com seu estrepitoso motor, causou admiração e espanto às pessoas, e espavoriu os animais atrelados às carroças, carruagens e tílburis, assim como os que serviam de montaria. Saíram em disparada, e os condutores, cocheiros e cavaleiros mal conseguiram contê-los, precisando entrar nas ruas transversais para acalmá-los. Felizmente, não houve graves danos físicos, apenas um jovem cavaleiro, derrubado de seu cavalo, teve leves ferimentos.
   Após a esquina com a Rua Duque de Caxias, em declive mais acentuado, o carro ganhou velocidade que não foi contida pelo motorista. Assim correu dois quarteirões até a Rua Barão do Triunfo.
   O acidente
   No cruzamento da Rua do Comércio com a Barão do Triunfo, uma depressão no pavimento fez o motorista perder o controle do carro e colidir contra uma casa situada na esquina noroeste. A parede da casa era de alvenaria de tijolos assentados com barro e desabou. "Chicotim" ouviu dizer que os moradores foram tomados de grande pavor e que ali vivia "um paralítico que saiu em disparada". (!?)
   O autor escreveu que esse foi o primeiro acidente de automóvel ocorrido no Estado do Rio Grande do Sul.
   O primeiro automóvel a rodar pela cidade e o acidente por ele provocado apavoraram os santa-marienses. Ao ouvir o ruído do motor, as pessoas que estavam nas ruas corriam assustadas, recolhendo as crianças às suas casas. Reclamavam providências das autoridades contra tal barbaridade, pois não se sentiam em segurança nem mesmo no interior dos prédios. Não havia mais tranquilidade na pequena Santa Maria.
   "Chicotim", então com 15 anos, morava com sua avó na Rua Venâncio Aires, perto do Regimento Mallet. Quando saía para ir ao Colégio Distrital, era muito recomendado para evitar as ruas, por causa do temido automóvel. O colégio ficava na Rua Coronel Niederauer, onde hoje está o Instituto de Educação Olavo Bilac. Para não andar nas ruas, ele devia atravessar a coxilha onde, no ano seguinte, começariam as obras o quartel do 7º Regimento de Infantaria. Mas sua curiosidade o levava a percorrer parte da Rua do Comércio, na esperança de ver o Fiat.

Parte da Planta da Cidade de Santa Maria - 1902, do agrimensor José Nehrer
De sua casa até o local do acidente, Justino Couto dirigiu seu Fiat num trajeto de cerca de 1.700 metros, marcados em amarelo no mapa. Na Rua Ypiranga ainda não havia calçamento, no trecho correspondente à atual Pinheiro Machado, ao longo da Praça Roque Gonsalez, então chamada Praça Ypiranga.
Depois seguiu pela Rua do Acampamento até a Praça Saldanha Marinho que havia apenas quatro anos que recebera sua primeira arborização e pavimentação no perímetro. então dobrou a esquina da Pharmacia Fischer, entrando na Primeira Quadra da Rua do Comércio - o atual Calçadão Salvador Isaia - e desceu até a esquina do acidente. As ruas do Acampamento e do Comércio eram calçadas com pedras irregulares de basalto. A casa de Justino Couto e a do acidente estão destacadas em vermelho.

O livro de Francisco da Rocha Timm tem apresentação de seu colega e amigo Mario Napoleão, que destaca a obra como o apanhado vivo de uma época, entre as décadas de 1910 e 1960.
_________________________________
Fontes:
Acervo pessoal.
TIMM, Francisco da Rocha. 50 Anos de Viagem - Trabalhos, Peripécias e Alegrias. Porto Alegre: Gráfica Editora a Nação S. A.,1972.
Lei Municipal nº 632, de 23 de fevereiro de1958.
José Nehrer – Planta da cidade de Santa Maria, 1902..

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Poetas patronos

   Neste ano de 2015, a Feira do Livro de Santa Maria será aberta no próximo dia 25 de abril, sábado, e será encerrada em 10 de maio. O nosso maior evento literário tem assim sua 42ª edição, considerando todas as edições, desde a I Feira do Livro de Santa Maria, aberta em 25.5.1962.
   Em 27.4.1968, foi aberta a III Feira do Livro de Santa Maria, na verdade sua quarta edição, considerando a Feira Internacional do Livro/UFSM, em 1967. Naquela edição de 1968, os organizadores instituíram o patronato da Feira para homenagear escritores quase sempre santa-marienses.
   Desde que foi instituída essa homenagem, na III Feira do Livro de Santa Maria, em 1968, apenas cinco vezes ela foi concedida a autores consagrados à poesia. O primeiro patrono, em 1968, foi Felippe d’Oliveira seguido pelos poetas Luiz Guilherme do Prado Veppo, em 1996, Antonio augusto Ferreira, em 2003, Tânia Lopes, em 2004, e Haydée Hostin Lima, na atual edição de 2015.
 
Os poetas Prado Veppo, Antonio Augusto Ferreira e Tânia Lopes.
   Haydée Schlichting Hostin Lima
   O patronato desta 42ª edição é uma homenagem à poeta Haydée Hostin Lima.
   Natural de Paranaguá/PR, ela viveu desde a infância em Santa Maria, onde se formou em História pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Imaculada Conceição.
   Professora estadual por 24 anos e mais seis anos em escolas particulares, também foi servidora na UFSM durante seis anos.
Haydée Hostin Lima
   Sócia fundadora da Casa do Poeta de Santa Maria, em 2002, participou de todas as diretorias, sendo três vezes presidente. É membro da Academia Santa-Mariense de Letras e vice-presidente do Fórum de Entidades Culturais de Santa Maria.
   Haydée foi duas vezes premiada no Concurso Literário Felippe d’Oliveira (2003 e 2009) e também recebeu o Prêmio Lilla Ripoll de Poesia, em Porto Alegre, nos anos 2007, 2009 e 2010.
Recebeu, em 2008, a Medalha do Mérito Cultural Prado Veppo, concedida pelo Poder Legislativo de Santa Maria.
   É autora dos livros de poemas Coração Guepardo, Telhado de Vidro, Santa Saudade e Equilíbrio de Açucenas, e do infantil As tartaruguinhas. Participou em mais de 70 antologias publicadas em Porto Alegre, Santa Maria, Livramento e São Paulo.
No próximo dia 5 de maio, Haydée Hostin Lima autografará, na Feira do Livro que a homenageia, sua obra Tatuagem, lançada há poucos dias, na 6ª Feira do Livro de Cacequi.

   Felippe Daudt de Oliveira
   O primeiro patrono da Feira do Livro de Santa Maria foi o poeta santa-mariense Felippe d’Oliveira, nascido na cidade, em 23 de agosto de 1890, filho do pernambucano Felipe Alves de Oliveira, juiz de direito, e da santa-mariense Adelaide Daudt. Ele também foi jornalista, farmacêutico, empresário, esportista e escritor.
   Sua poesia teve, inicialmente, influência do Simbolismo e, na segunda metade dos anos 1920, aderiu ao movimento de vanguarda do Modernismo. Em sua obra, destacam-se os livros Vida Extinta, Lanterna Verde, Alguns Poemas e Livro Póstumo.
Felippe d'Oliveira em tela
de Candido Portinari.
   Tendo apoiado a Revolução Constitucionalista de 1932, tornou-se procurado pela polícia o que o levou a autoexilar-se na França. Ele faleceu aos 42 anos, em 17 de fevereiro de 1933, vítima de um acidente de carro, na estrada entre Paris e a cidade de Auxerre, localizada a 170 quilômetros ao sudeste daquela capital.
16.7.1935 - Prefeito João Antonio Edler inaugura
a herma. Foto publicada em Homenagem a Felippe
 d'Oliveira
 - acervo Marco Aurélio Birmann Pinto


   Em sua homenagem, foram batizadas ruas no Rio de Janeiro, em São Paulo e Porto Alegre, onde também foi dado o seu nome a uma escola estadual de 1º grau. Em Santa Maria, além de também dar nome a uma rua, uma herma com sua imagem foi erigida na praça central. O poeta santa-mariense é patrono da cadeira nº 37 da Academia Rio-Grandense de Letras e da cadeira nº 3 da Academia Santa-Mariense de Letras. É tambem patrono do Concurso Literário Felippe d’Oliveira, em Santa Maria, que realiza neste ano sua 38ª edição.
   Herma
   Na Praça Saldanha Marinho, em Santa Maria, onde se realizam as feiras do livro, foi erguida a herma de Felippe d'Oliveira, uma valiosa obra do escultor ítalo-brasileiro Victor Brecheret. Considerado um dos mais importantes do país, Brecheret introduziu o Modernismo na escultura brasileira e foi premiado como o melhor escultor nacional, na 1ª Bienal de São Paulo, em 1951.
   A obra foi oferecida a Santa Maria pela Sociedade Felippe de Oliveira do Rio de Janeiro, agremiação literária e editora assim denominada em homenagem ao poeta.  O monumento foi inagurado pelo prefeito João Antonio Edler, em 16.7.1935.
   Há 80 anos a herma de Felippe d’Oliveira enriquece o acervo artístico de nosso principal logradouro público. Entretanto, a valiosa homenagem escultórica ao primeiro patrono da Feira do Livro de Santa Maria jaz ignorada entre as tendas do evento.
   Minha solicitação, na edição do ano passado, de que a herma fosse devidamente valorizada com iluminação e identificação não foi atendida.
Em data recente, a herma foi retirada. Certamente, Felippe d'Oliveira estará ausente da Feira do Livro da qual foi o 1º patrono
Foto à direita: Athos Miralha da Cunha 

   O valor de tal medida seria inegável porque teria função informativa e educativa aos visitantes, ao dar realce ao ilustre santa-mariense que foi o primeiro patrono de nossa Feira do Livro, representado em obra de importante artista visual do país. É lamentável que justamente em época da Feira do Livro a herma tenha sido retirada de seu pedestal.
   Na presente edição, quando nosso principal evento literário homenageia a poeta Haydée Hostin Lima, a herma do primeiro patrono – o também poeta Felippe d’Oliveira – certamente não estará em seu lugar para receber o merecido destaque.
___________________________________
Fontes
SANTOS, Zosymo Lopes dos. Felippe D’Oliveira – Estudo Biobibliográfico. In: Homenageando Felippe d’Oliveira, UFSM, 1980.
Diario do Interior, Santa Maria, ed. 23.6.1935.
http://www.santamaria.rs.gov.br/noticias/10038-feira-do-livro-2015-festa-literaria-de-santa-maria-define-seus-homenageados

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Pelouse Dr. Lamartine

Desde quando foram estabelecidas suas primeiras regras, no século XIX, o tênis era jogado em quadras de grama. O primitivo nome inglês lawn-tennis significa, literalmente, tênis em gramado. Em francês, gramado é pelouse, denominação que era usada para a quadra de tênis. Em Santa Maria, desde a inauguração da primeira quadra do A.T.C., em 1917, na Av. Rio Branco, nunca houve quadra de grama, mas de terra batida. Entretanto, desde o início e durante muitos anos, as quadras do clube eram chamadas pelouses. A expressão francesa havia se incorporado ao esporte, como sinônimo de quadra de tênis.
 ______________________________________________

A partir da inauguração de sua terceira sede, em 15.12.1923, na Praça do Mercado, a atual Saturnino de Brito, o Avenida Tênis Clube passou a denominar suas quadras de tênis, em homenagem a ateceanos ilustres. A quadra nº 1 foi denominada “Pelouse Dr. Azevedo”, em reconhecimento ao trabalho do engenheiro Antonio Rodrigues de Azevedo, presidente do clube, na construção da sede.

Seis anos depois, o clube decidiu homenagear o médico Lamartine Souza, dando seu nome à quadra nº 3.

Lamartine Souza
Dr. Lamartine - Recorte de foto
na inauguração da sede, na Praça
da República, em 18.10.1931.
Nasceu em Santa Maria, em 18 de novembro de 1896, filho de Cândido Francisco de Souza e Porfíria Brinckmann de Souza. Pelo lado materno, era neto do alemão Carl Ferdinand Otto Brinckmann que veio ao Brasil como oficial Brummer e se fixou em Santa Maria como agrimensor.
Lamartine formou-se médico, em dezembro de 1919, pela Faculdade de Medicina de Porto Alegre. Seu anel de grau foi um presente de sócios da Soc. União dos Caixeiros Viajantes a seu pai, Candido Souza – o presidente fundador –, na comemoração do 6º aniversário da sociedade, em 20 de setembro daquele ano.
Lamartine casou com Francisca Rosa Campos – que preferia ser chamada Chiquinha –, com quem teve os filhos Berenice e Graciano.
D.ª Chiquinha, como era conhecida e por todos chamada, era talentosa desenhista e caricaturista. O A.T.C., órgão do clube, na edição de 6.9.1934, publicou uma caricatura de Lamartine de autoria de Chiquinha Souza, que assinou C. S.
A legenda da caricatura cita os dois principais tenistas do A.T.C. Lamartine Souza, campeão até 1933, e Ennio Brenner, que o sucedeu como campeão.Lamartine começara a jogar tênis no Avenida, quando ainda era estudante de Medicina em Porto Alegre. Durante o período de férias, em 1918, ele começou a frequentar a quadra do A.T.C, em sua primeira localização, na Av. Rio Branco, tendo, logo depois dos primeiros treinos, vencido os jogadores antigos que o instruíam.
Após formar-se em Medicina, ele instalou seu consultório em Santa Maria, em 1920. No primeiro campeonato interno organizado pelo clube, naquele ano, Lamartine sagrou-se campeão.
Nos muitos torneios que o A.T.C. disputou com clubes de outras cidades do Estado, o campeão atuou com invulgar brilho, conquistando com elevados escores a vitória para o seu clube. Consolidou assim um esplêndido conceito nos meios tenísticos estaduais.

Dirigente do A.T.C.
Além de campeão, Lamartine Souza exerceu vários cargos administrativos no A.T.C.
Aos 25 anos de idade, em 1922, foi eleito vice-presidente.
Quando foi criado o cargo de diretor esportivo, Lamartine foi aclamado pela assembleia geral de 12.8.1923, para exercer a função.
Em 1926, serviu como 1º secretário, e em 1928 e 1930, integrou o Conselho Fiscal. Foi novamente vice-presidente, em 1932.
Mais uma vez eleito vice-presidente do clube, na assembleia geral de 3.3.1934, assumiu a presidência quando o titular desse cargo, o advogado João Bonuma, renunciou em razão de sua mudança para Porto Alegre. Por motivos não esclarecidos, em dezembro daquele ano, Lamartine pediu demissão de seu cargo de vice-presidente em exercício da presidência, no que foi seguido pelo diretor esportivo Carlos Lang. Isso motivou uma assembleia geral extraordinária, em 28.12.1934, no Clube Comercial, presidida por João Appel Lenz. A assembleia aclamou então uma nova composição da diretoria com Lamartine Souza como presidente e Carlos Lang como diretor esportivo, com mandato até março do ano seguinte, quando houve eleição ordinária.

A homenagem
Na sessão de diretoria de 11 de novembro de 1929, sob a presidência de João Appel Lenz, foi decidido, conforme a ata nº 59, “realizar-se no dia 15 do corrente a inauguração da pelouse n° 3 – Pelouse Dr. Lamartine –, em homenagem ao nosso campeão e abnegado consócio, pela brilhante atuação com que há longos anos vem mantendo o prestigio esportivo do A.T.C.”
O Diario do Interior noticiou a decisão, na edição de quinta-feira, 13.11.1929, pág. 2:


Desde a construção da sede na Praça do Mercado, em 1923, o clube tinha três quadras de tênis. A 3ª quadra ficava junto à Rua Duque de Caxias e, após alguns anos, arruinada pelo tempo, ficou sem uso. Em 1929, em razão do grande movimento desportivo então intensificado por muitos sócios novos, na maioria jogadores, a direção do clube deliberou reconstruir a quadra nº 3.
A festa desportiva de 15 de novembro de 1929 foi organizada para inaugurar a reconstrução da quadra 3.
Diario do Interior, 15.11.1929 (trecho)
Foi realizado um grande torneio de tênis, dedicado ao valoroso antigo campeão do Avenida, com a participação de cinquenta tenistas, em partidas jogadas nas três quadras.
Em fotomontagem, a placa denominativa
no cercamento de tela da quadra nº 3.
O Diario do Interior, em 15.11.1929, destacava ser a primeira vez, no Estado, que em uma sociedade de tênis tão elevado numero de tenistas jogavam em um mesmo dia. Isso quando a população da cidade era de cerca de 17.000 habitantes.
Quando o Avenida Tênis Clube mudou para a Praça da República a sua sede, inaugurada em 21.6.1931, as denominações das quadras foram também transferidas, sendo assim mantidas as homenagens a Antonio Rodrigues de Azevedo e Lamartine Souza. No novo local, mais uma quadra foi denominada, a “Pelouse Dr. Leggerini”, em reconhecimento ao engenheiro João Baptista Leggerini, presidente do A.T.C. que enfrentou com sucesso a difícil tarefa da mudança da sede.
____________________ 
Vinte e oito anos depois, quando o clube instalou sua nova sede, no local onde hoje se encontra, as placas denominativas foram excluídas, desrespeitando as homenagens antes prestadas. As denominações das quadras com os nomes de Azevedo, Lamartine e Leggerini foram indevidamente suprimidas.

Em minha gestão na presidência do clube (1969-70), orgulho-me da iniciativa de o A.T.C. conceder a Lamartine Souza o título de sócio benemérito. O título foi entregue ao antigo campeão, em sua residência, por uma comissão de dirigentes ateceanos.
______________________________
Fontes:
Acervo pessoal.
Arquivo Histórico Municipal de S. Maria: Diario do Interior - Edições 13.11.1929 e 15.11.1929.
A.T.C., órgão do clube, edição de 6.9.1934.
Livro nº 1 de atas do A.T.C. 

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

A noite em que toquei na OSPA

Uma foto encontrada em meus arquivos lembrou-me de minha participação em um concerto da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre – a OSPA.

   No período de quatro anos, a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre-OSPA, sob a regência do maestro Pablo Komlós, realizou três concertos públicos, no antigo Auditório Araujo Vianna, tendo no programa a Abertura 1812, de Tchaikovsky. Esses concertos ocorreram em dezembro de 1951, em 24 de janeiro de1954 e em 13 de fevereiro de 1955. O auditório estava situado na área hoje ocupada pelo Palácio Farroupilha, sede da Assembleia Legislativa.
Antigo Auditório Araujo Vianna, junto à Praça da Matriz. Na área à direita
da concha acústica, foram instalados os canhões do CPOR/PA.
   Com projeto arquitetônico, projeto estrutural e execução pelo engenheiro italiano Armando Boni, radicado em Porto Alegre, o auditório foi inaugurado em 19.11.1927. Tinha um palco com concha acústica de concreto armado, à esquerda do Theatro São Pedro, e plateia com bancos de cimento que se estendia na aclividade natural do terreno, cercada por pérgulas, até a Rua Duque de Caxias. A platéia tinha capacidade para cerca de 1300 pessoas sentadas.
   O antigo Auditório Araujo Vianna esteve em atividade por 31 anos, sendo demolido em 1958, para dar lugar ao Palácio Farroupilha.
   O concerto de 13.2.1955
   O espetáculo musical foi noticiado pelo Correio do Povo, edição de 13.2.1955, em sua seção Notas de Arte, dando destaque para a Abertura 1812, para cuja execução a OSPA contou com o acréscimo de mais 20 músicos, da banda de música da Brigada Militar e de alunos do Curso de Artilharia do Centro de Preparação de Oficiais da Reserva de Porto Alegre-CPOR/PA.
Correio do Povo, Porto Alegre, edição de domingo, 13 de fevereiro de 1955.

   O programa era composto por: Giuseppe Verdi: La Forza del Destino (Ouverture)Tchaikovsky: Suíte Quebra Nozes; Franz von Supée: Cavalaria Ligeira; Oscar Lorenzo Fernandez: Batuque; e Tchaikovsky: Abertura Solene 1812.
   Abertura Solene 1812
   A peça musical de encerramento, a Abertura Solene 1812, de Pyotr Ilitch Tchaikovsky, foi o grande destaque do concerto
   A composição dessa obra orquestral foi encomendada a Tchaikovsky para a abertura da Exposição Universal de Artes, realizada em Moscou, em 1882, quando eram comemorados os 70 anos da derrota do grande exército de Napoleão, na invasão francesa à Rússia, em 1812.
Pyotr Ilitch Tchaikovsky
   A estrutura da obra se organiza na contraposição entre a inicial vitória francesa e a posterior reação russa. Contrapõe o tema de La Marseillaise, hino da Revolução Francesa, e fragmentos do folclore e temas religiosas russos. Finaliza pelo triunfo russo, representado por um diminueto do hino czarista Deus Salve o Czar, sinos e troar de canhões. Quando a peça é executada em ambientes fechados, o estrondear de canhões é produzido por tímbales.
   A abertura da Exposição Universal de Artes coincidiu com a consagração da nova Catedral de Cristo Salvador, cujos sinos participaram do concerto de estreia. A catedral fora erigida para comemorar a vitória russa sobre o exército napoleônico, em 1812.
   A Abertura Solene 1812 finalizou de forma emocionante o grande concerto da OSPA, naquele verão de 1955.

   Artilheiros do CPOR
   Para a execução da Abertura 1812, no concerto de 13 de fevereiro de 1955, houve a participação  do Curso de Artilharia do Centro de Preparação de Oficiais da Reserva de Porto Alegre – CPOR/PA. Eu era então aluno do 2º ano do Curso de Artilharia no CPOR/PA, cujo sistema era de Artilharia Montada, isto é, com condutores montados a cavalo e os canhões tracionados também por cavalos.
   Naquela tarde de domingo, nos deslocamos do CPOR/PA, Rua Correa Lima, no Morro Santa Teresa, até o Auditório Araujo Vianna, ao lado do Theatro São Pedro. Um percurso de cerca de 5 quilômetros, conduzindo uma bateria de três canhões Krupp 75 mm e seus armões, tracionados por robustos e indóceis cavalos da raça Percheron.
   Instalamos os canhões em uma área entre a concha acústica do auditório e o teatro, junto a uma balaustrada.
O maestro húngaro Pablo Komlós atuou em Budapeste,
Munique, Praga, Montevidéu e Porto Alegre onde, a partir 
de 1950, assumiu a organização e a regência da OSPA. 
Uma das mais dinâmicas personalidades musicais do RGS.
   No concerto, o maestro Pablo Komlós conduzia a grande orquestra acrescida pelas bandas militares. Um maestro auxiliar ‘regia’ os canhões, com a partitura à frente, comandando cada tiro, enquanto nós, atentos aos movimentos de sua batuta, dávamos os tiros. Apesar dessa atenção, um dos colegas detonou fora de tempo: o tiro saiu desafinado.
   O final do concerto foi vibrante. O grande público que lotava a plateia do Auditório Araujo Vianna, ao troar dos canhões, com surpresa, levantou-se entre emocionado e assustado. Muitos pareciam preocupados sobre o que seria atingido, já que os canhões estavam voltados para a parte mais central da cidade. Evidentemente, eram tiros de festim, somente pólvora, mas com estrondo igual ao do tiro real.
   Em O Obus, periódico do Curso de Artilharia, produzido pelos colegas Raul Machado e Bernardo Kamergorodski, o concerto foi noticiado como parte principal do programa de acolhimento a uma caravana turística de cariocas e paulistas:
O Obus, edição nº 2, ano letivo 1954-55, pág. 9.
   O período contínuo, citado na notícia, referia-se aos meses de janeiro, fevereiro e julho, quando não tínhamos aulas na Universidade e nossas atividades no CPOR eram realizadas de segunda a sexta-feira, em dois turnos.
   Assim como eu, meus colegas artilheiros Aluísio Saggin e Fernando Carlos Becker lembram-se muito bem de terem "tocado canhão" na OSPA, 60 anos atrás.

Para ouvir a Abertura Solene1812, de Tchaikovsky, acesse 
https://www.youtube.com/watch?v=-BbT0E990IQ

_______________________________
Fontes:
Acervo pessoal.
Arquivo Histórico Municipal de S. Maria - Correio do Povo, Porto Alegre, edição de 13.2.1955.
Aluísio Bittencourt Saggin, Gravataí.
O Obus, ed. nº 2 do ano letivo de 1954-55 - acervo de Werner Bittelbrunn, Cachoeira do Sul.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Abertura_1812
http://www.ospa.org.br/?page_id=981
http://en.wikipedia.org/wiki/Cathedral_of_Christ_the_Saviour

domingo, 25 de janeiro de 2015

Rio Pardo – 1957

   Nossa turma de estudantes da Faculdade de Arquitetura da UFRGS, quando cursava o 4º ano, fez uma viagem de estudos a Rio Pardo, em 1957, possivelmente em setembro ou outubro. A viagem foi promovida pelo Prof. João Baptista Pianca, da disciplina de Arquitetura no Brasil, para conhecer o patrimônio edificado, notadamente a Matriz N. S.ra do Rosário e a Capela de São Francisco, além da estatuaria sacra.
Matriz N. Senhora do Rosário
   Rio Pardo é um dos mais antigos e importantes municípios da história rio-grandense, que tem suas raízes no forte Jesus, Maria e José, construído em 1752, , a fortificação mais ocidental, na chamada Guerra Guaranítica (1753-1756). Durante as invasões espanholas, a partir de 1761, o forte nunca foi derrotado, o que valeu a Rio Pardo a antonomásia Tranqueira Invicta, no sentido de trincheira jamais vencida.
   A Matriz Nossa Senhora do Rosário tem, em sua fachada, a inscrição 1801, ano de sua consagração. A construção foi iniciada em 1791 e, em 1820, ainda faltavam-lhe acabamentos, segundo Saint Hilaire. No estilo Barroco Tardio, no qual "a graciosa leveza sucedeu a pomposa opulência", a igreja tem seu projeto atribuído ao engenheiro militar português Francisco João Roscio, autor também da igreja N. S.ra da Candelária, RJ (1775) e da Matriz de Cachoeira (1793). Roscio comandou a Comissão Demarcadora de Limites entre terras de Portugal e Espanha, no final do século XVIII.
Capela de São Francisco
   A Capela de São Francisco teve sua construção iniciada em 1802, após a doação do terreno à Ordem Terceira do Seráfico São Francisco da Penitência. A edificação estava ainda incompleta, quando iniciaram os ofícios em homenagem ao orago, em 1812, suposto ano de sua inauguração.
   As imagens esculpidas em cedro, policromadas, são do século XVIII e têm origem europeia. Algumas delas representam as cinco principais estações da Via-Sacra, em tamanho natural e perfeitas linhas anatômicas. Outras imagens foram reunidas no Museu de Arte Sacra, instalado na sacristia da Capela, inaugurado em 1975.

 
Interior da Capela de São Francisco
   Audazes rapazes
   Após a visita ao pequeno templo, houve um intervalo no programa. Os estudantes dirigiram-se à Praça Pedro Alexandrino de Borba, em frente à Capela de São Francisco, e alguns deles, inclusive eu, movidos por um impulso aventureiro e transgressor, subiram no reservatório cilíndrico elevado ali existente.

Localização e fotomontagem do grupo sobre o reservatório.
   Iniciamos a subida por escada de marinheiro, na parte interna da estrutura de concreto armado. Por uma passagem interna, chegamos à laje de cobertura, a cerca de 20 metros do solo, que nos parecia muito alta. A sensação de insegurança era acentuada pelo forte vento que então soprava e pela forma da laje, em calota esférica, desprovida de guarda-corpo.
 Na cobertura do reservatório elevado, na praça em frente à Capela de São Francisco, em Rio Pardo. Desde a esquerda: José Carlos Mafessoni, Francisco Pedro Bopp Simch, Hugolino Prá, Ney Mário Mercio Carneiro e José Antonio Brenner. Atrás, Jaime Villamarin Eslava e João Paulo Umpierre Pohlmann. Mais um colega realizou a ousada escalada – o fotógrafo –, mas nenhum de nós lembra-se quem foi. Vê-se ao fundo, 350 metros a sudoeste, as torres da Igreja Matriz Nossa Senhora do Rosário.

   Quando descemos, esperava-nos um funcionário municipal, que nos repreendeu duramente por termos cometido tamanha travessura. Velhos tempos, belos dias: tínhamos todos entre 22 e 24 anos de idade.
__________________________

José Carlos Mafessoni, catarinense, voltou ao seu Estado. Vencedor da concorrência para o projeto do estádio do Ypiranga F. C. de Erechim. Vive em Balneário Camboriú

Francisco Pedro Bopp Simch. - Titular de Pedro Simch Arquitetura e Planejamento, em Porto Alegre, com 56 anos de atividade. Atua na elaboração de projetos de Arquitetura, assistência e fiscalização de obras, com ênfase em projetos residenciais, industriais e corporativos. Especializou-se em projetos para a indústria (siderúrgica, têxtil, metalúrgica, automotiva e de refrigeração).
Tem obras premiadas, notadamente o Teatro do SESI, Medalha de Ouro na IV Bienal de Arquitetura, 1997. Vencedor do X Prêmio de Arquitetura Corporativa, em 2013.

João Paulo Umpierre Pohlmann - Curso de Urbanismo/UFRGS.
Curso de Especialização em Transportes (Escola de Engenharia/UFRGS 1966)
Mestrado em Sensoriamento Remoto, aplicado ao Planejamento Urbano/UFRGS
Na Prefeitura de Porto Alegre, iniciou na Secr. Munic. de Águas e Saneamento (atual DMAE), depois na Secr. de Obras e Viação.
Após o Curso de Urbanismo, passou à Divisão de Urbanismo, mais tarde integrada à Secr. de Planejamento Municipl-SPM.
Supervisor de Operações da Secr. Munic. de Transportes, voltando depois à SPM.
Regente da Disc. de Tráfego no Curso de Urbanismo. No Curso de Arquitetura/UFRGS, foi professor das disciplinas de Planejamento Urbano I, de Morfologia Urbana e de Paisagismo.
Coordenou vários cursos de especialização para arquitetos e engenheiros de municípios do RS.
Em seu escritório profissional, elaborou projetos de Arquitetura, de Urbanismo, bem como de Paisagismo.

Hugolino Prá - Natural da localidade mais fria do país, Urubici, em São Joaquim/SC. Fixou-se em P. Alegre onde atuou como especialista em projetos estruturais de concreto armado, na Divisão de Obras da UFRGS, e como professor da disciplina Concreto Armado, na Faculdade de Arquitetura de UFRGS. Falecido.

Ney Mário Mercio Carneiro – Há mais de 50 anos, mantém escritório de Arquitetura em sua cidade natal, Bagé, onde também é produtor rural.

Jaime Villamarin Eslava – Estudante bolsista, natural da Colômbia. Formou-se em Arquitetura na nossa turma de 1958 e retornou ao seu país.
___________________________________ 
Fontes
Acervo pessoal
José Ernesto Wunderlich, do Centro de Cultura de Rio Pardo.